terça-feira, 23 de abril de 2013

Carta ao pregador travento!


Carta ao pregador travento!

Quero resmungar algumas palavras, depois de ouvir muitos sermões, devo dizer que os piores são os sermões acres de alguns pregadores que precisam ser dulcificados, eles só fazem aborrecer, queremos ouvir alguma palavra indulgente, uma valoração dos indivíduos, quem sabe uma exaltação de nossos feitos, chega daquela arenga sobre pecado, santidade, compromisso, serviço, mutualidade e o crucificado... Já basta o que aconteceu no Areópago, em Atenas, quando um pregador travento pregou o chato sermão sobre Jesus e a ressurreição. Em outra ocasião um jovem dormiu, caiu da janela e morreu tudo num sermão prolixo e maçante desse mesmo pregadorzinho acrimonioso que esteve em Atenas.

Não precisamos disso em nossas igrejas, esses sermões só nos fazem oscitar, quando muito ficamos ansiosos e muitas vezes enfadados. Será que o pregador não percebe pelas nossas reações, que o sermão travento não tem habilidade para animar o auditório; não nos motivam... E minha reclamação não vem sozinha...

Derek Prince relata sua experiência negativa com esses, sem querer afrontar, pregadorezinhos, nesses termos:

A primeira vez que ouvi uma pregação de Billy Graham foi em Londres em 1954. Nunca me esqueci de uma palavra que ele falou naquela reunião. Ele disse: “Deus nunca usa um cristão desanimado”. Meditei sobre aquilo e concluí: “Esta palavra realmente não é justa”. Eu mesmo estava enfrentando seriamente o problema de desânimo naqueles dias e pensei: “Não foi gentil ele dizer isto”.

Ei Billy se orienta, você deveria animar seu auditório, vocês pregadores precisam aprender a ser alegres! E o tal George Whitefield, deveria enquadrar-se, se pregasse hoje o que pregou em certa ocasião... “Ouçam aqui! Vocês são pecadores e verdadeiros monstros de iniquidade! Merecem ir para o inferno!”, que truculência, que barbaridade, ‘monstros de iniquidade’ não é de bom tom, definitivamente essas palavras não são interessantes...

Ciro Sanches Zibordi, pastor e escritor, relata a estória do pregador censurável que no sermão disparou:

A mensagem que Deus me deu para transmitir-lhes não costuma agradar aqueles que vêm aos cultos para receber bênçãos, e não para oferecer o que têm de melhor ao Senhor. Precisamos nos converter a Cristo, a cada dia, e seguirmos à santificação, renunciando-nos a nós mesmos. Vocês estão dispostos a isso? Ou pensam que a vida cristã resume-se ao recebimento de bênçãos?

Infelizes pregadores! Incultos, não leem Nietzsche¿ De fato, só leem Bíblia... Já disse o neto e filho de pregadores e eminente pensador:

...toda a moral de aperfeiçoamento, ainda a cristã, foi um equívoco… A mais ofuscante luz do dia, a racionalidade a todo o custo, a vida clara, fria, cuidadosa, consciente, sem instintos, na resistência contra os instintos, era apenas uma doença, uma outra enfermidade – e de modo nenhum o regresso à “virtude‟, à “saúde‟ à “felicidade”…Ter de combater os instintos – eis a fórmula da décadence: enquanto a vida ascende, a felicidade é igual ao instinto.

Quem tem ouvidos... Pregadores traventos, esse tipo de sermão só faz adoecer o auditório...  Olhem para o sermão do Monte, que disparate! Entendo porque uma multidão deixou-o falando sozinho... Até seus discípulos quase se foram frente às suas azedas palavras.

A tendência hodierna é para o “sentir-se bem” sempre e rápido, somos ‘rapidolatras’ e vocês pregadores ignaros desconhecem o movimento de cultura terapêutica estado-unidense tão visível no aumento da falação de autoajuda. O pior cego é o que não quer ver!

Parem de dificultar as coisas, parem de nadar contra a maré! Parem com esse falatório impróprio. O fato é nosso amigo, acolham o fato de que somos ‘crédulos que acreditam no conforto produzido por uma fé mágica’ e nosso contato com o divino se dá em ‘termos de solução de problemas, de progresso social e bem-estar pessoal’. É isso que queremos! Estamos convencidos de que podemos comprar não apenas todas as bênçãos e prazeres desta vida, como também do céu, depois da morte, e, aceitamos os que por puro amor ao lucro imundo encorajaram-nos! Erasmo em 1508 captou bem nosso Zeitgeist... Mas voces pregadores traventos são lerdos demais.

Domingo após domingo enchendo nossos ouvidos, não somos mais crianças, nossas mentes não são de iniciantes, não somos catecúmenos. Se não nos derem as palavras que queremos, as teremos de outras bocas.

Além do mais o tempo destinado ao sermão deve ser reduzido, é inconcebível que em tempos de hipermodernidade eu fique tanto tempo ouvindo suas ‘conclusões’ quando posso eu mesmo determinar o sentido do texto bíblico. ‘Para que tanto trabalho, se não há um único sentido, mas muitos e diferentes e todos igualmente válidos’. Surpreso pregador¿ Também entendo de hermenêutica...   

Enfim, se você deseja continuar seguindo o estilo seco como um pão de três dias desses pregadorezinhos, cometendo os erros ocorridos em Atenas, Londres e na Galiléia, sua audiência irá diminuir, quem sabe acabar...

‘Quem avisa amigo é’.

 

Carlos Alberto Rodrigues

Pastor da Igreja Batista em Ouro Verde\SP.

 

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